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A escolha de ucraniana como Miss Japão que gerou debate sobre identidade nacional no país
Carolina Shiino, em lágrimas, expressou em japonês fluente a luta contra barreiras raciais e o desafio de ser aceita como japonesa. Sua declaração emocionada veio logo após ser coroada Miss Japão 2024 na segunda-feira (22). Nascida na Ucrânia, a modelo de 26 anos mudou-se para o Japão aos cinco anos e cresceu em Nagoya. Sua vitória, tornando-a a primeira cidadã japonesa naturalizada a ganhar o concurso, reacendeu debates sobre a identidade japonesa. Enquanto alguns celebraram o momento como um reflexo dos tempos modernos, outros questionaram se ela representava adequadamente uma “Miss Japão”.
Carolina seguiu os passos de Ariana Miyamoto, a primeira mulher birracial a ser coroada Miss Japão em 2015. A vitória de Miyamoto, filha de mãe japonesa e pai afro-americano, também provocou discussões sobre a elegibilidade de pessoas mestiças no concurso.
Desta vez, a discussão se centrou na ascendência puramente ucraniana de Carolina. Críticos nas redes sociais expressaram dúvidas sobre a escolha, destacando sua falta de herança japonesa e questionando se sua vitória era uma decisão política, dadas as tensões atuais na Ucrânia.
A organizadora do concurso, Ai Wada, afirmou à BBC que a seleção de Carolina foi feita com “total confiança”, elogiando sua fluência e educação no idioma japonês. “Ela é mais japonesa do que nós”, disse Wada. Carolina, ao ganhar a cidadania japonesa, compartilhou no Instagram que, apesar de sua aparência, sua mente “tornou-se japonesa”.
Ao receber o título de Miss Japão 2024, Carolina expressou sua gratidão: “Ser reconhecida como japonesa nessa competição me enche de gratidão”, ressaltando o significado do momento tanto para sua jornada pessoal quanto para a evolução das normas culturais no Japão.